Esse post é dedicado a Murilo Ely.
Quando o Corinthians empatou com o Santos no Pacaembu, já pensei
em comprar minha passagem para Buenos Aires, pois tinha quase certeza que o
Boca Jrs. seria nosso adversário na final, apesar de o jogo deles ainda não ter
acontecido.
Mas segurei a ansiedade. Eu, que sou tão ansiosa.
Quando tudo ficou definido, comecei a correr atrás das
passagens. Porém, não achava um vôo de volta em horário conveniente. Muito em
cima da hora.
Pensei em
desistir. Mas sou corinthiana. Fé e esperança estão grudadas em mim. Até minha mãe me
ajudou na empreitada (enquanto tantas mães - e pais - não conseguem entender
essa paixão), pesquisando em sites das companhias aéreas e em agências.
Havia idas em ótimos horários e com preços mais convidativos
ainda, mas não serviam.
Até que, de tanto escarafunchar, achei o que queria.
Vários amigos me mandaram email, enviaram mensagens e, se
duvidasse, viria até pombo correio prá me "convencer". Não que eu
precisasse ser convencida, tinha certeza do que queria, mas obstáculos
apareciam de todos os lados. No entanto, obstáculos existem para serem
transpostos.
Aí, com a passagem comprada, novo desafio: arrumar hospedagem.
Essa parte até que foi tranquila.
Mas o mais complicado estava por vir: e ingresso?
Na segunda-feira, 25.06.2012, mais de 21 h, descubro que
consegui. Um alívio sem tamanho.
Aí era hora de arrumar a mochila, pegar o caminho do aeroporto e
ir atrás do sonho.
A primeira vez que estive em Buenos Aires foi em 2006
e, confesso, com uma boa influência da presença de Carlitos Tevez no Todo
Poderoso.
Cidade muito agradável, com um povo nem tão agradável assim
(alguns são ótimos, outros são antipáticos demais, além de mal educados).
Quando conheci La
Bombonera pensei: "quero ver um jogo aqui do meu
Corinthians".
Seis anos se passaram.
O Corinthians iria jogar (como jogou) com o
"temido" Boca Jrs no "caldeirão" de La Bombonera. Que deve
ser respeitado, mas não precisa ser temido. E, se La Bombonera é um
caldeirão, o Pacaembu é a própria fogueira.
No meio do caminho, muitos amigos ainda não tinham certeza da
entrada. Contudo, mesmo assim, foram. Porque sempre existe a esperança. Porque
está na alma do corinthiano acreditar até o apito final.
Estávamos todos juntos nessa luta. E procuramos, e procuramos,
e procuramos. E andamos, e choramos e continuamos tentando.
Até uma hora, lá pelos 47 do segundo tempo, em que tudo deu
certo. E, aí, choramos ainda mais. Em um mundo tão marcado pelo individualismo,
ter participado disso mantém minha fé de que a humanidade pode, sim, ser
mais solidária.
Invadimos Buenos Aires. Pintamos a cidade de preto e branco. Se
o estádio fosse dividido meio a meio, haveria um número ainda maior de
torcedores fiéis.
Tudo pronto, hora de ir. Antes, ver o ônibus do Timão sair, e
mandar todas as nossas energias positivas.
Pegamos a van. E cantávamos sem parar. Chegamos ao estádio.
Várias barreiras policiais. Uma volta enooooooooooooooorme para chegar ao
portão visitante. Uma escadaria imeeeeeeeeeeeeeeeeeeeeensa (pensem em algo
gigantesco mesmo, de parecer que íamos ficar sem pernas de tanto subir e
subir... e umas escadas mal conservadas demais) até chegar ao nosso lugarzinho.
Estava com uma amiga, tão pequena quanto eu (mas só de tamanho), e precisávamos
de um local em que enxergássemos, ao menos, alguma coisa.
Porém, só de estar lá, de fazer parte desse momento mágico
e histórico, já valeu a pena.
Valeu a pena porque veio da alma e do coração.
Um dia emocionante, algo que lembrarei pro resto da minha vida.
Um momento dividido com amigos, entre risos e lágrimas. A tensão
e a explosão de felicidade.
Alguns não entendem e, se você não entende, não tente
racionalizar.
Não tem a ver com futebol. Tem a ver com "ser
Corinthians". Tem a ver com sermos uma família. A família que nós
escolhemos. Alguns podem dizer que "fomos escolhidos". Mesmo
assim, nós optamos pela noção de "família".
Somos uma nação. De 30 milhões de loucos e privilegiados que
querem, sim, títulos. Todos os possíveis e imagináveis. No entanto, está no
sangue, no DNA, cravado no espírito a marca do corinthianismo. Que vai muito
além do que é matéria.
Sentir La
Bombonera tremer foi indescritível. A acústica é sensacional.
A torcida do Boca que ficou bem em frente ao local em que estávamos realmente
faz uma bonita festa. Mas quem disse que eles não se calam não sabe o
que fala. Porque eu só conheço uma torcida que, nas situações adversas,
grita e canta ainda mais alto. A Fiel. E, sim, ao contrário do que
clamam por aí, há uma boa parte da torcida "boquense"
que não faz esse barulho todo.
Nós cantamos sem parar (inclusive enquanto esperávamos para
sair, após o final da partida). Tanto, que um policial argentino veio e disse
"nunca vi uma torcida visitante fazer aqui o que vocês
fizeram". E não venham os mal resolvidos de plantão dizer tosquices
porque até vocês, lá no fundo, sabem o que ele quis dizer. Se têm
tanto medo assim de verbalizar a verdade, permaneçam calados e deixem quem
quer ser feliz, ser feliz!
Não estou falando de futuro, que a Deus pertence.
Estou falando de um momento histórico, emocionante e
maravilhoso, compartilhado com pessoas especiais. Do esforço de todos nós para
irmos atrás do que queremos, independentemente das dificuldades (coisa que
um montão de gente por aí não faz, fechando-se atrás da própria
covardia).
Falo do grito de "Aqui é Corinthians" por duas
baixinhas que deixaram embasbacados (e absolutamente sem fala) torcedores
adversários.
Falo de representar milhões de pessoas que lá não puderam estar,
mas cujo coração batia no mesmo compasso que o nosso.
Falo de dormir pouquíssimas horas, ter de trabalhar, estar
cansada mas enfrentar a vida, depois de ter vivido um dia de pura emoção.
Porque tudo vale a pena quando a alma não é pequena, já diria o grande
Fernando Pessoa.
Vai Corinthians!
Por: Rita
de Cássia
Parabéns Ritinha!!!! Lindo texto!!! As tuas palavras conseguiram traduzir o meu sentimento e acredito que o sentimento de toda Nação Corinthiana.
ResponderExcluirVai CORINTHIANS....
Walmir